Fraternidade Universal

Ilustração: Luiz Goulart
Texto: Mensagem de Luiz Goulart
Publicação semanal
Agosto / 1983

Os esforços desprendidos pelos seres superiores, quer através das artes, das ciências, das filosofias e religiões, é sempre desenvolvido no sentido de, pela educação moral e espiritual, conduzir os povos ao nível da Fraternidade. Daí sofrerem tanto os Idealistas! Impõem-se a si mesmos a imensa tarefa de fornecer meios para que os indivíduos tirem as arestas e as imperfeições da alma e do corpo. Pois assim, como só os tijolos iguais se juntam com exatidão, do mesmo modo só a igualdade moral e cultural entre os seres pode formar o Edifício da Fraternidade.

Taxados de loucos ou visionários, os gigantes trabalham, sem esmorecimento. Quantos deram a própria vida? Milhares, por certo. O símbolo do calvário é o ponto áureo da luta em prol da fraternidade. Todos os ensinamentos de Jesus estão calcados no enunciado do Amor Fraterno que precisamos ter para atingir o Reino de Deus – o único Pai da Irmandade composta de tantos filhos quantos são os habitantes da terra.

Baseadas nesses princípios superiores, as grandes luzes há muito vêm lutando para formar o núcleo da Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, sexo, casta ou crença. Na verdade, só acharemos louvável o nome de “Civilização Cristã” quando a fraternidade for a conduta natural da vida entre os homens.

Celebração

PROPOSTA DE ANIVERSÁRIO

13 de setembro de 2021!
A Corrente da Paz Universal comemora seus 55 anos de fundação. Assista nossa expressão de alegria no “Encontro com a Paz, onde a professora Lúcia Magalhães nos encanta com a palestra “Celebração”.
Neste dia feliz, vamos pensar na Paz Universal, imaginar os povos sincronizados com o Bem, com a Beleza e com a Verdade. Podemos construir um mundo melhor dentro de nós e ampliar esta onda de luz, estendendo nossa irmandade a todos que nos cercam: “MÃO NA MÃO, ALMA N’ALMA, CORAÇÃO NO CORAÇÃO!
Paz e Cristo!

O Prazer de Servir

Ilustração: Luiz Goulart
Texto: Publicação Mensagem de Luiz Goulart Junho/1983

Cada indivíduo que faz sua parte pode ser o indispensável para o bem de todos. Mas a verdade é que fazemos pouco, porque nossa atividade geralmente está condicionada aos limites do lucro pessoal. Daí as suas concepções: o que se faz por prazer e o que se realiza por imposição econômica.

A pergunta comum: “Quanto eu lucro nisso?” Evidencia o interesse pelo ganho material, sem a elevada noção de que todo o trabalho traz lucro moral, mesmo que não recebamos um centavo. É necessário despertar no mundo o “prazer de servir”, de que nos fala Gabriela Mistral – a boa vontade construtiva, que não seja a boa vontade só motivada pelo interesse de ganho. Comumente, pela falta de princípios morais superiores, a má vontade assume o lugar do serviço, quando este não diz respeito ao lucro pessoal. A verdadeira moral, porém, está contida em todos os atos que sirvam ao próximo, mesmo que, aparentemente, à custa de sacrifício. Aparentemente – porque a semente do serviço sempre nos traz colheita luminosa e farta; quando não, a alegria de sentirmos que contribuímos para o bem de outrem.
Se todos servissem sem esperar lucros imediatos, a Terra ofertaria a todos o Bem Universal. Saberíamos que, quando todos dão com Amor, a luz nasce – iluminando vidas.

O Grão de Mostarda

1 – Há em nós um mistério. É o maior dos mistérios. É o mistério das sementes. Em nós estão germinando milhares de entidades que nos ajudam e nos prejudicam. Todas elas semeadas pelo mental, através do emocional. E vivemos cultivando sementes de alegria, de tristeza, de rancor, de tolerância. E essas sementes nos tornam um canteiro, como uma horta ou jardim, que precisa de um jardineiro.
Hoje falaremos, não apenas desta infinidade de sementes plantadas por nós, que todos os dias geram algum fruto que nos agrada ou desagrada. Falaremos de um grão especial, citado por Jesus.
Mas por que ele nos fala do grão de mostarda? Ele diz que não conseguimos expulsar os demônios, nossos demônios, isto é, nossa sombra, nossa ignorância, porque não temos fé do tamanho de um grão de mostarda.
O que isto pode significar para nós, que possuímos tantas sementes plantadas em nosso campo emocional, que nem sempre é um jardim, mas uma plantação de espinheiros?


2 – Que semente é essa? Pequenina – e que é mais poderosa do que todas as outras? Na simbologia esotérica é a glândula pineal. Recorremos a H. P. Blavatsky, em seu Glossário Teosófico: “Glândula pineal – Também chamada de “Terceiro Olho”. É uma pequena massa de substância nervosa, cinza-avermelhada, do tamanho de uma ervilha, aderida à parte posterior do terceiro ventrículo do cérebro. É um órgão misterioso, que, em outros tempos, desempenhou papel importantíssimo na economia humana. Durante a terceira Raça e no início da quarta, existiu o Terceiro Olho, órgão principal da espiritualidade no cérebro humano, local do gênio, o “Sésamo” mágico, que, pronunciado pela mente purificada do místico, abre todas as vias da verdade para aquele que sabe usá-lo.”
Agora entendemos que o “grão de mostarda é a glândula pineal. É o nosso santuário. Recuperando sua função espiritual em nosso plano, é que vamos transpor o portal do limite; é por ela que vamos buscar todo o controle sobre o nosso jardim emocional.
“As aves se aninham em seus galhos”, diz Jesus. Isto é, os galhos são os raios de luz, e as aves são os anjos e deuses nos visitando em divinas inspirações. Esta é uma das maiores revelações para a libertação do ser humano.
Vamos nos preparar, portanto, para o estalar da divina semente, abrir caminhos para a Sabedoria, desabrochar em nosso coração o portal da cordialidade, da pacificação, do entendimento entre povos. Basta cada um de nós liberar um fragmento de luz deste grão interior, e estará finalmente aberta a porta para a tão sonhada felicidade! (Maximo Ribera)

Autorrealização em Cristo

Trecho de palestra de Luiz Goulart
em 03/07/1982

Nós somos uma lanterna que guarda em si a luz que poderá transformar-se em imensa claridade. Comumente seus vidros estão embaciados pelas nossas dúvidas, completamente escurecidos quando odiamos. Essa lanterna está sendo apagada pelo medo da morte, da solidão – medo que revela a falta da luz interior. Então, começamos a nos sentir mal por nosso próprio descaso.

Essa Partícula Vital que está em nós só funciona bem se temos Paz de Consciência. É, pois, necessária a recapitulação de nossa existência para começarmos a limpar os vidros de nossa lanterna.

Tiremos um dia para perguntar a nós mesmos: “Porque estou mal? Porque fiz isto, aquilo?” Quando essa positividade se faz ampliamos nossa Energia Vital e entramos em harmonia, sentindo a Paz de Cristo.

Quando não contivermos mais a chama, iluminaremos! Isso é Amor! A nossa lanterna tão límpida, por onde passar fará dia. Eis o que vai definir o estado de autorrealização de um indivíduo. O Ser autorrealizado é o que possui absoluta autoconfiança; iluminado, pois seguiu o conselho de Cristo e colocou a lanterna no alto iluminando tudo.

Nada mais vai ter importância para quem está com o Cristo e consegue luz em seu interior. Nada suplanta o poder de amar, e só o Cristo em nós nos permite amar. Só posso amar como meu Mestre se tiver uma partícula dele em minha alma. É Cristo que ama por meu intermédio.

Conhecimento e Verdade

Texto e ilustração:
Luiz Goulart

Disse Jesus:
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”
Dois verbos são usados por Jesus:
Destaca conhecer e libertar.
Vê que a libertação de todo ser
Na experiência humana vai estar.

Nunca basta somente conhecer
Se a Verdade total não se fizer.

Pois ela, dentro da alma, vem brilhar
Na luz do Eu, inteira, a esplender.

O Ego colhe, em si, o aprendizado.
Porém se, deste, nada se aproveita,
Desperdiçando o tempo inutilmente,
Toda a trama da luz fica desfeita.

Se a Verdade integral é conhecida,
Toca de Sol o Karrna então vivido
E a gente compreende que o destino
De todo mal se toma redimido.

Só a Verdade tem a oculta essência
De tudo que acontece em nossa vida.
Apenas conhecer é muito pouco
Para aclarar a senda percorrida.

Está, portanto, na Razão Suprema,
Encontrada na oculta divindade,
A presença do Cristo Interior
A porta que nos leva à liberdade.

Liberdade do mundo que maltrata
Sem conhecer a causa da aflição.
Por isso que Jesus nos aconselha
Encontrar na Verdade a redenção.

O sonho dos sonhos

Ilustração: Luiz Goulart
Texto: Maximo Ribera

O ser humano vive entre dois sonhos. Um é o sonho da natureza: aperfeiçoar a estrutura humana; o outro é o sonho da alma: aperfeiçoar a estrutura divina no corpo humano. Os dois fazem parte do mesmo sonho divino, que nos criou para um dia despertarmos no paraíso.
Lembram-se da lenda que diz que estaremos existindo enquanto Deus estiver nos sonhando?
Enquanto isso, sonhamos com a perfeição material. É o sonho da natureza em nós, que muitas vezes se transforma numa acelerada corrida para a ampliação das grandes realizações externas, e o nosso mental básico fica retido num ambiente ilusório, fogos de artifícios, que assistimos passar, se transformar, numa simulação da realidade. Então o sonho se pulveriza em muitos sonhos perdidos, em frustrações e incertezas, mas também muitas alegrias e realizações humanas.
E o sonho da alma? Parece tão distante, não é?, pois a natureza não sabe nada sobre o sonho da alma, e nunca saberá, enquanto matéria física. Mas nós, sim, temos esse sonho em nós. É nossa missão alcançá-lo, desprendendo-nos cada vez mais das ilusões, dos fogos de artifício. Misteriosamente, só damos atenção ao chamamento da alma quando as desilusões do mundo se acumulam num nível insuportável, gerando em uma imensa tristeza.
Exatamente assim que estão as multidões. Tristes. Porque a alma sonha, canta, e não ouvimos sua canção.
Pensemos bem: Vamos experimentar ouvir a canção de nossa alma? É ela que nos revela o sonho do espírito. Imaginemos um triângulo, representando os níveis mentais que podemos viver: Lado esquerdo, sonho da natureza; lado direito, sonho da alma; o vértice superior do triângulo é o sonho divino, o sonho do espírito.
É através da alma, do sentimento, da amorosidade, da paz, que se revela essa ponte para o sonho do espírito. Não precisamos construir o caminho. Ele já está à nossa espera. O trabalho é acreditar em nossa capacidade de sonhar com o divino em nós.
Podemos continuar na vida humana, a usar a tecnologia, a dar a césar o que é de césar, mas não perderemos o fio do sonho real, que continuará depois que o corpo não tiver mais nenhuma serventia para a própria natureza, como corpo humano.
Lembremos que não sonhamos apenas o que está no inconsciente quando dormimos. Há um sonho de eternidade dentro de nós e a alma canta, e canta, e nos embala no berço da evolução, até que os ouvidos do coração decodificam o mistério da canção de liberdade, que nada mais é do que a voz de nosso deus interno, que anuncia finalmente a canção dos céus, o coro dos anjos, dentro de nós.

Luzes na escuridão

Texto e ilustração:
Luiz Goulart

Quantas vezes, na solidão de nós mesmos, perguntamos o significado de nossa própria vida? Parece-nos tudo um imenso vazio em torno, transformando-nos interiormente num simples galho lançado ao vaivém das ondas do mar sem fim de todos os mistérios e de todas as interrogações. Debilmente erguemos nossa voz, mas nem ao menos o eco do rebatimento. Tudo passa a viver como se a vida e morte estivessem confundidas numa eternidade sem razões e sem propósitos. Carregamos como que o inútil fardo da total descrença… Desencantados de tudo e de todos, resta-nos a longa espera que mais longa se faz por não sabermos, então, verdadeiramente o que esperamos.

Não há uma só alma que não tenha sentido em determinada fase da existência o domínio cruel da mais estranha melancolia…

Há de, por certo, no entanto, chegar pelas mãos de alguém ou nas asas do vento a semente de luz das transformações da noite da alma em dia de doce claridade! Basta que o coração fique atento aos sinais – assim como, no céu, as nuvens demonstram transformações de dias trevosos em despontar de auroras de festa.

Quando vem a Paz? Quando nasce a íntima ventura? Nós nunca, verdadeiramente, sabemos… Nas maiores tristezas, nos mais soturnos abatimentos, pode estar escondida a lágrima que fará brotar a planta divinal que, crescendo em nosso coração, se transformará em brotos de esperança: eles nos oferecerão flores de perfume, como que anunciando a presença do ressurgir de nova vida, onde a morte parecia imperar!

Saber resistir, com paciência, ao desânimo das horas amargas é retemperar a alma para os impulsos necessários à conquista da vitória da Paz Interior, contra a aflição dos instantes de dúvida por que passam todas as criaturas da Terra…

Em dado instante, repentinamente, a solidão pode ainda transformar-se no doce convívio com as luzes de bonançosas alegrias, assim como num céu de nuvens pesadas, surgirão estrelas surgidas na vastidão sem fim.

Há sempre um instante, uma hora certa nascida nos braços do Tempo, para cada coração desesperado. Surge a luz de onde, às vezes, menos se espera. A vida é feita de mistérios, o Destino é cheio de segredos; esperemos confiantes: nos raios do sol que volta todos os dias pode chegar o fim dos martírios e a suprema alegria das horas sem fim da Eternidade!

O Divino Cantor

Texto e ilustração:
Luiz Goulart

Liberta o coração e canta. Não te abismes no conflito. Ergue a mente ao sol da vida, cujo nome é Jesus. De ti nascerão luzes: ele está contigo! Quando te dás ao coração do mundo, mais ainda o Mestre penetra em tua alma. Se a sombra vem, o sol não morre. Escondido, brilha nas alturas do céu interior, que sempre cresce e se agiganta no infinito de ti mesmo… Busca as estrelas de teu céu interior: os olhos do Mestre estarão bendizendo tua existência.

Jesus, tu és a Caridade que o Pai ofertou aos que soluçam, na Terra. Assim como a Bondade é a flor dos céus, a Caridade é o perfume que enfeita o jardim da vida… Sinto até, Divino Companheiro, que a Caridade que julgamos praticar nasce de tua Presença em nossos gestos. Para o canto da Beleza reviver na Terra, é preciso repetir o Divino Cantor: “Amai-vos uns aos outros, tanto quanto eu vos amei!” – … pois a Beleza só nasce do culto ao Amor.

O Êxtase

Texto e ilustração
de Luiz Goulart

1
Em êxtase o Mestre,
Discípulos se calam.
Mudos, prosternados
Esperam.
Íntimos pensamentos
Perpassam mundos encantados…

2
O mais jovem arrisca
Rápido olhar
Ao corpo inerte do Senhor.
Nota a palidez da face oriental,
Como se o perfume
Descorasse a flor.
Sente que ele partiu.
Deixou o corpo, somente.
Doloroso vê-lo assim,
Cerrados os lábios
Que discorrem sobre o sem fim
De mundos, de universos

Além da Terra…
Teme perdê-lo.
Em surdina, implora.
Chora silenciosamente,
Pedindo a volta do ancião.
Curva a fronte ao chão.
Deixa cair estrelas de lágrimas
Incontidas…

Eis que retorna,
Do longo caminhar
No Eterno Infinito,
O Mestre, mansamente.
Sussurro de brisa

3
Sobre flores abertas,
Distribuindo pólen de ouro,
Não é mais sutil
Que o despertar do Senhor.

Os discípulos atentos
Pressentem a presença do pensamento
Que fora em asas ao Nirvana.
Abrindo cada qual o par dos olhos
Ávidos de ver,
Descobrem o sorriso do céu
Na máscara serena
Do bendito Senhor.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Lendo o pergaminho
De cada coração presente,
Diz o Mestre, sorridente:
– Quereis saber, bem sei,
Onde estive… O que vi…
Nada, porém, encontrei
De mais luz no sem-fim
Que se igualasse
À gota de lágrima
Que tu, meu filho,
Choraste por mim.