Fonte do Misticismo

  1. Interessante é unir à Râja-Yoga, no plano universal de descoberta do Eu, o atributo filosófico ocidental que o pensamento platônico nos oferece. Não perdemos, porém, a oportunidade de exaltar a corrente mística oriental que usava tão naturalmente, como o lótus bebe a água do lago, a força contida no Eu. Seria indispensável dialogar com os velhos rishis, gurus autênticos, como Swami Vivekananda ou com o yogue Ramacharaka, e lhes pedir alguns conselhos sobre o Desprendimento… Devemos e temos o direito de nos tornarmos exigentes – pois um distúrbio físico é mais fácil de curar do que uma afecção psíquica causada por falsos gurus ou Mestres – idênticos aos falsos profetas, dos quais devemos nos acautelar, no dizer de Jesus.
  2. A Râja-Yoga, em si, como toda a yoga, não responde pelo artifício exterior agregado a seus fundamentos notáveis. Amamos a Fonte. É nela que o Misticismo brota diretamente, como planta nativa, às vezes agreste, mas sem o enxerto dos artifícios teológicos.
    Desejamos ouvir pela voz oculta dos textos antigos – simbolicamente semelhantes a máscaras de mármore, de bocas abertas, a lançar Água Viva diretamente da Fonte do Cosmos.
  3. Não fora a Intuição, dificilmente a voz direta dos textos antigos poderia nos dizer, sempre claramente, o que pensaram os Canais Supremos da Verdade. Mormente se levarmos em conta as interpolações – irresponsabilidade de copistas primitivos, cuja ignorância ou má-fé enxertou aos textos antigos o que lhes ia brotando, irrefletidamente. A treva é a herdeira da ignorância. O hábito propaga-se como a transmissão do vírus. Infelizes que tiveram o intento negrejante de enganar a Humanidade! Tiravam ou acrescentavam palavras, frases e até capítulos inteiros, maculando as obras que copilavam. Qual a intenção? Muitas: satisfazer a vaidade de um rei ou político; ainda outra, censurar o que pudesse ferir o intento dos poderosos.
  4. Além da Bíblia – que é a mais discutida obra, principalmente quanto à interpolação de palavras – temos também os poemas de Homero. Filósofos notáveis mostram que os textos da Ilíada e da Odisseia foram dos mais sacrificados pelas interpolações de escribas. Também muitas escolas iniciáticas e templos do passado foram saqueados e seus manuscritos queimados ou levados por soldados ignorantes ou mercadores, que se valiam de tudo para transformá-los em ouro.
  5. As excelências que descobrimos na Râja-Yoga estão precisamente no seu critério notável de recolocação do homem em função direta com seu Eu, independente das tradições e até dos livros sagrados. Os yogues autênticos nunca desprezam a cultura mística e filosófica, como vemos principalmente em Vivekananda – um dos maiores sábios do nosso tempo, quer na cultura oriental quanto ocidental.