Autorrealização Consciente e Samadhi

Resumos das pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos Professor Luiz Goulart em suas obras, na sede da Corrente da Paz Universal, sob a coordenação da professora Lucia Magalhães.

1 – O momento da consciência que corresponde à Inação Criadora tem muita semelhança com o sono, principalmente no estado crepuscular. Em ambos os estados nos desligamos particularmente do campo sensorial e, consequentemente, do mundo exterior.
2 – A Yoga, segundo certos autores orientais, pode conduzir ao momento interno conhecido como samâdhi – estado de arrebatamento integral, absolutamente estático. Derivando das palavras sâm e âdha (em sânscrito), expressa a possessão de si mesmo. O yogui, atingindo tal estado, perde não só a consciência: ele se converte no Todo.
3 – Confundir a Inação com o samâdhi é, portanto, um perfeito absurdo. Daí anexarmos sempre, à Inação, a Autorrealização Consciente – o indivíduo vai tomando ciência do que se passa com ele, mental e fisicamente. Jamais permitindo que seu alheamento seja superior à sua Vontade. De fato, o alheamento suave, sem propósitos paranormais das funções da Consciência, é próprio dos sábios.
4 – Possuímos funções místicas em nossa Consciência: é útil constatar que não somos só a criatura exterior, dominada e ligada às funções impostas pelos sentidos e pelo meio social… Mas chegar ao ponto de não sermos nós mesmos, pela perda da consciência, nem sermos mais parte do mundo, pela dissociação voluntária do meio – é indubitavelmente um caminho perigoso e até mesmo falso, motivado por doutrinas exóticas… Vamos avaliar nossas possibilidades, na viagem interior, por via da concentração – sabendo que estamos viajando, por onde estamos passando e, mais ainda: que a estação física nos espera de volta, no desembarque autoconsciente.
5 – O estado de Inação Criadora – repisemos – é próprio da Autorrealização Consciente, não nos permitindo sermos lesados pelo mundo, em nossa paz, nem ludibriados por nós mesmos, por transtornos interiores. Temos tanto horror à subjugação exterior quanto amamos a liberdade íntima de nosso Ser; não negamos estados magníficos – de samâdhi ou êxtase, conseguidos por seres curiosíssimos, no Oriente ou no Ocidente. Repetimos, porém, que em nosso critério, toda imitação é uma aventura perigosa. Saber onde nos levam os passos imponderáveis do pensamento – eis o Caminho.
6 – Não creio que nos vejamos obrigados a imitar. Parece-me mais lógico criarmos. O que imitamos toma quase sempre as medidas do artifício. Todo artifício pode ser rapidamente substituído por outro, chegando ao ponto de não sabermos mais quais os modelos que tomaremos para nossa imitação. Mesmo que muitas proposições sejam válidas e corretas, precisamos aquilatar as medidas de nosso processo natural e interior. Há medidas pequenas para nós, e outras grandes demais para as dimensões exíguas de nossas possibilidades mentais.
7 – O autoconhecimento deve estar anexado à experiência. A análise de nosso laboratório íntimo aceita o que a experiência canaliza para nosso conhecimento: também a liberdade de aceitar ou rejeitar é parte importante da Autorrealização Consciente…
8 – A Inação Criadora deve ser fator de criação, relativa ao que somos ou necessitamos. Guardar excesso é motivar apodrecimento. Queremos guardar em nossa mente mais do que necessitamos. Não somos só o que pensamos, mas também o que criamos com nossos pensamentos. Todo excesso gera um critério degenerativo das funções psíquicas do ser.
9 – Comumente, procuramos o preenchimento rápido de nosso interior ou nos deixamos desolados na esterilidade, sem criação e produtividade íntima. Clamamos por conhecimentos, como se buscássemos tóxicos paralisantes de nossa Vontade. Que desastre! Ignoramos, nessa oportunidade, que nenhuma medida verdadeiramente libertadora pode medir campos antagônicos da Consciência.
10 – Abrir a terra, no cultivo de frutos que alimentem, exige a limpeza da vegetação agreste da emotividade. Só o desprendimento da criação negativa e emocional das imagens pode nos permitir símbolos de plantas renovadoras e luminosas.
9 – A Autorrealização Consciente não cria sobre destroços. Fazem-se necessários os estágios de Desprendimento, da Concentração e da Paz, como procuramos mostrar em nosso livro “O Caminho da Paz Interior”. Somente aí, então, a Inação Criadora exerce a função de geradora de sementes fecundas. O Homem é o herdeiro do infinito – lastimavelmente ainda vivendo o finito das medidas exteriores da emotividade. Desejamos, muitas vezes, que os santos e os “espíritos” ajam por nós… sem nos lembrarmos que eles necessitam agir, também, por eles mesmos.