Ramakrishna, um dos mais importantes mestres hindus, disse com acerto: “As religiões são caminhos, mas os caminhos
não são Deus.” Importava-lhe encontrar Deus no próprio interior do indivíduo. A maior parte dos religiosos sente a Fé como oriunda de sua extroversão devocional. Uma pequena parte de indivíduos, no entanto, já tomou como norma a “introspecção meditativa”, ou busca da presença de Deus, fragmento luminoso que toda criatura possui em seu Eu Vital.
Não nos cabe criticar ou depreciar os religiosos da Fé exteriorizada, cujas preces são dirigidas a uma divindade abstrata, ainda colocada no Céu devocional: há muitos graus e limites perceptivos na busca da espiritualidade. Talvez a Fé exteriorizada faça parte dos exercícios primários que conduzam à descoberta do Eu Vital no próprio indivíduo.
No caminho da Autorrealização consciente acontece uma total mudança de mentalidade, que vê em todo homem ou mulher, a dicotomia Eu-Espírito e Ego-Matéria: no Eu, os atributos da Luz, como representação da liberdade espiritual; no Ego, os da Sombra, como manifestação dos temores e ansiedades religiosas.
Neste caminho busca-se a Essência no Homem, o Espírito ou Energia do Eu. Daí a palavra Essencialismo – o nome do critério psicológico e filosófico que temos adotado em nossas preleções e escritos. Na própria linguagem intuitiva dos povos, segredada pela poesia universal, empresta-se à flor o sentido substancial, quando se trata de suas pétalas, mas a seu perfume dá-se o atributo da essência.
Por isso acreditamos que, dentro da cadeia evolutiva da raça humana, cada vez maior número de pessoas buscará o Céu em si mesmo e não na abstração de tantos caminhos entrechocantes
que cruzam, em nome da Fé, a superfície da Terra.
Fonte: Jornal Mensagem de Luiz Goulart – nº 354 / Outubro 2009