Amável Para Ouvir

By | 29 de março de 2017

De vez em quando ressoa em nossos ouvidos uma frase célebre, desses sóis de cultura e beleza que iluminaram o mundo. Hoje vibra em meu espírito este pensamento pequeno, mas profundo de William Shakespeare: “Amável para ouvir, bondoso para julgar…”
Quem pode ouvir amavelmente, sem amor no coração? E quem pode, tendo amor no coração, não julgar amavelmente?
Assim depreende-se claramente a doutrina da Bondade que não aceita julgamento além do que parta dos lábios inspirados na ternura e no bom entendimento.
Quem ouve amavelmente reflete no lago sereno d’alma o anseio do que vem trazer, pelas palavras, a flor iluminada de alegria, ou as pétalas crestadas pela mágoa. Sempre as águas quietas do coração refletem, sem mutações, céu de estrelas e nuvens de tempestade. Retribuindo a uns e a outros, aos alegres e desesperados, o mesmo perfume de amor que guarda na corola iluminada pela bondade do julgamento que esclarece, sem condenar.
O verdadeiro justo não condena. Sua justiça, calcada na Sabedoria, ensina-lhe que há razões secretas em todos os erros. Por isso a condenação, comum a todos os lábios, em sua boca toma o sabor espiritual das palavras de esclarecimento. Realmente, o verdadeiro justo age como Jesus, que primeiramente ouvia a súplica; em seguida curava; mas finalmente iluminava o infeliz, dizendo-lhe: “Vai e não peques mais!”

O Mestre demonstrou que de nada adianta apontar pecados, ou falhas, sem darmos o meio de eliminá-los.       Pobres médicos que falam dos sintomas da moléstia mas que, ignorando os remédios, são vencidos pela morte!      “Amável para ouvir, bondoso para julgar” – o gênio inglês sintetizou nesta pequena frase todo o sentido real do processo de agir do cristão em meio ao convívio do Homem com seu semelhante.

Luiz Goulart

 

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